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O nascimento da siderurgia na América Latina

Trajetória de 101 anos da ArcelorMittal, que começa em Sabará,  mostra como companhia impulsionou o setor e a indústria no Brasil

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Por: Sandra Carvalho Em 4 de outubro de 2022

Com trajetória de 101 anos, a ArcelorMittal ocupa a liderança nacional na produção de aço | Crédito: Divulgação/ArcelorMittal

A economia mineira tem alguns marcos de desenvolvimento e um dos mais importantes é a implantação do parque siderúrgico no Estado. Foi a partir dele que se criaram condições para que indústrias de bens intermediários e finais tivessem início não só em Minas, mas no Brasil. E o startup da siderurgia não só no País, como também na América Latina, foi dado no ano de 1921, na cidade de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Um grupo de engenheiros da Escola de Minas de Ouro Preto uniu-se ao Reino da Bélgica e Luxemburgo em torno de um projeto grandioso: forjar aço do minério de ferro. Esse é o início da caminhada de 101 anos da hoje conhecida como ArcelorMittal.

A trajetória da líder nacional na produção de aço, que atualmente emprega 16 mil colaboradores no Brasil, sendo 5 mil em Minas Gerais, é tema desta sétima reportagem da série especial “Quem fez história”, um presente do DIÁRIO DO COMÉRCIO a leitores e internautas em comemoração aos 90 anos do jornal, que serão completados no próximo dia 18 de outubro. 

Confira a entrevista em vídeo com o presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração, Jefferson de Paula

De Paula, que trabalha há 32 anos na companhia, traz detalhes da história recente da empresa, mas também conta sobre os principais fatos antigos.

Na linha do tempo, o embrião do que seria no futuro a ArcelorMittal já nasce da inovação. Os engenheiros Amaro Lanari, Christiano Guimarães e Gil Guati se uniram a alguns sócios, como o banqueiro Sebastião Augusto de Lima e o industrial Américo Teixeira Guimarães, e criaram em Sabará a Companhia Siderúrgica Mineira. À época, já se sabia do grande potencial de Minas Gerais para a extração de minério de ferro.

Quatro anos depois, em 1921, os engenheiros se uniram ao grupo belgo-luxemburguês Arbed, dando origem à Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. Segundo Jefferson de Paula, os estrangeiros trouxeram tecnologias e maquinário para que o projeto pioneiro de siderurgia integrada (da mina ao produto final, que é o aço) avançasse na América Latina.

“Eles já tinham experiência, com algumas plantas na Bélgica e Luxemburgo. Isso ajudou muito. Mas o grande desafio foi montar toda uma siderúrgica no Brasil. Muitos luxemburgueses e belgas vieram implantar a usina a partir de 1922. A maior parte em nível de supervisores para ajudar a treinar os mineiros. (…) A montagem e a operação em si venceram muitos desafios (…) Isso mostra que o brasileiro, quando bem treinado e motivado, se engaja positivamente e performa muito bem”, observou.

E, em 1925, a planta de Sabará produziu os primeiros aços laminados 100% nacionais. Mas as coisas ainda eram desafiadoras e não caminhavam como se esperava em um País que iniciava uma industrialização tardia. Foi então que, em 1927, chegou a Sabará uma figura central na expansão da empresa. O engenheiro luxemburguês Louis Ensch veio para reestruturar as operações.

Veja o videocast especial

Usina de Monlevade

A coisa deu certo, pois, em 1929, Louis Ensch começou a preparar o projeto de expansão e, em 1935, deu o start na Usina de Monlevade, que contribuiu para que aquela região passasse a ser oficialmente chamada de Vale do Aço.

Para se ter uma ideia da representatividade do projeto, foi o próprio presidente do Brasil, Getúlio Vargas, quem inaugurou a pedra fundamental da usina que deu origem ao primeiro núcleo urbano industrial do País. O governo federal também construiu um ramal ferroviário para atender à logística da empresa. 

“Os governantes entenderam que não existe um País que tenha crescimento pujante sem o aço. Monlevade foi um marco para impulsionar a siderurgia e a indústria de base no Brasil. Logo depois vieram outras siderúrgicas, as grandes estatais”, ressaltou De Paula.

A usina em Monlevade teve grande importância numa época em que as ferrovias eram consideradas estratégicas no transporte nacional. “Era a única fábrica de trilhos no Brasil”.

A planta é abastecida por minério da mina de Andrade, em Bela Vista de Minas, adquirida estrategicamente para essa finalidade. A ArcelorMittal também adquiriu, já em 2008, a mina de Serra Azul, em Itatiaiuçu. Mas esta também atende a outros mercados além das plantas da companhia.

Vista do núcleo urbano e Usina de Monlevade | Crédito: Acervo Centro de Memória da ArcelorMittal Aços Longos

Outros estados

Em 1937, a expansão foi para Barra Mansa (RJ). A planta de gusa foi estrategicamente construída próxima aos ramais férreos que atendiam à produção de café. Hoje fabrica vergalhões, perfis e produtos trefilados.

Desafio da energia é vencido

Energia é sempre um capítulo à parte na história das empresas mais longevas do Estado. E no caso da ArcelorMittal não foi diferente. Na usina de Sabará, conforme o CEO, Jefferson de Paula, foi necessário construir a usina hidrelétrica Madame Denise, que forneceu eletricidade não apenas para a siderúrgica, mas também para a cidade de Sabará por muito tempo. “Já em Monlevade, foi feita uma hidrelétrica menor para equipamentos essenciais em operação, pois tínhamos energia externa naquela época”.

Em 1957, foi criada a Companhia Agrícola e Florestal Santa Bárbara, para atender à demanda das usinas por carvão vegetal. Hoje chamada ArcelorMittal BioFlorestas, a unidade está focada em reflorestamento e produção sustentável de carvão.

“Nós hoje geramos energia própria, através dos gases dos altos-fornos, da coqueria. Também temos 50% de uma usina hidrelétrica em Minas, a Guilman Amorin. Com isso, geramos 50% da nossa necessidade. Já estão em fase final alguns projetos para geração de energia renovável eólica e solar. A meta é, de cinco a dez anos, chegar a 100% da geração da energia para o consumo”.

Vista parcial da Usina de Monlevade. 11 de maio de 1938 | Crédito: Foto Coutinho/Acervo Centro de Memória da ArcelorMittal Aços Longos

Expansões, fusões e aquisições

Já nas décadas seguintes à construção da Usina de Monlevade, os planos de expansão da ArcelorMittal, naquela época ainda chamada de Belgo-Mineira, foram estrategicamente voltados às fusões, aquisições e parcerias, conforme as demandas do mercado.

Entre as operações nesse sentido na história da empresa, destaque para a parceria, em 1971, com a Bekaert, em Contagem, o primeiro passo para a fabricação de aços trefilados, o chamado arame farpado, bastante consumido pelo setor rural.

Diante do crescimento do setor de construção civil, em 1991 foi adquirida a usina de Cariacica (ES) e a usina de Piracicaba (SP), em 1994, para produzir vergalhões. Já a usina de Juiz de fora foi incorporada em 1995 para produzir vergalhões, barras, entre outros produtos.

“Internalizamos nessas empresas a nossa cultura, investimos e ampliamos a produção delas. Viramos o segundo colocado em aços longos. Em 2018, adquirimos a Votorantim, que na época era o terceiro lugar. Com essa aquisição, passamos a ser líder de mercado na construção civil e longos no Brasil”, informou o CEO Jefferson de Paula.

“Recentemente, compramos a Companhia Siderúrgica de Pecém, em Sergipe, que ainda está sob avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Caso seja aprovado, seremos responsáveis pela produção de 40% do aço brasileiro”, acrescentou De Paula.

Arcelor e Mittal

Mas de onde surgiu o nome ArcelorMittal? Segundo o CEO, a então Belgo-Mineira pertencia à Arbed, com sede em Luxemburgo. “A Arbed se juntou a uma empresa espanhola chamada Aceralia. Depois de alguns anos, a Usinor, que era a maior siderúrgica de aços planos da Europa, se juntou à Arbed e à Aceralia, dando origem à Arcelor, que passou a ser a primeira siderúrgica no mundo com operações em vários países”.

A segunda siderúrgica do mundo era a Mittal, de propriedade do indiano Lakshmi Niwas Mittal. “A Arcelor não tinha dono. As ações eram muito pulverizadas entre várias empresas, o governo de Luxemburgo, o governo da Espanha, entre outros. Já a Mittal era 100% do senhor Mittal. Essa companhia fez proposta para adquirir a Arcelor. Chegaram num acordo e, em 2006, a Mittal incorporou a Arcelor e virou ArcelorMittal. O senhor Mittal tem quase a metade das ações da ArcelorMittal”, acrescentou De Paula.

Longo prazo

Ainda conforme o CEO, os planos da companhia são sempre de longo prazo. Está em andamento um plano de investimento no Brasil de R$ 7,8 bilhões, dos quais R$ 4,7 bilhões serão destinados às plantas e projetos de Minas Gerais. “A gente vê um grande potencial para o Brasil nos próximos anos”, concluiu.

Iniciativas de Louis Ensch marcaram história da empresa | Crédito: Bonfioli/ Acervo Centro de Memória/ArcelorMittal

Responsabilidade social nasce com Louis Ensch

Pode-se dizer que a hoje chamada agenda ESG, de responsabilidade social, ambiental e governança corporativa, teve início décadas atrás com as iniciativas de Louis Ensch, ainda na época da construção da Usina de Monlevade.

“Existia pouca infraestrutura para o bem-estar dos operários. Tudo em Monlevade – hospital, escola, cinemas, vila operária – foi construído pela companhia para os operários e, depois, para a população daquela região viver bem”, contou o CEO, Jefferson de Paula.

Ensh deixou um legado de responsabilidade social. De Paula também destaca o trabalho realizado há 32 anos nesse sentido pela Fundação ArcelorMittal, voltado a projetos sociais, culturais e ambientais. “Somos hoje o maior incentivador de cultura de Minas Gerais”.

Ainda conforme De Paula, ao longo da pandemia de Covid-19, a empresa tem desenvolvido um importante trabalho nas cidades onde atua. “Foi uma fase em que inicialmente paramos e mandamos os colaboradores para casa e, logo depois, voltamos para atender às demandas de consumo que estavam crescendo com todos os cuidados. Fizemos um laboratório de teste de Covid e demos ajuda social para as pessoas de municípios nas regiões onde atuamos”, destacou.

Emissões de CO2 e gênero

Um dos grandes projetos de futuro da ArcelorMittal é reduzir em 25% as emissões de CO2 até o ano de 2030. “Como líder na produção de aço, a ArcelorMittal decidiu que também será líder na redução das emissões de carbono no mundo. Já investimos 500 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento nesse sentido.

Um outro projeto também é chegar a 2030 com mulheres em 25% dos cargos de liderança da empresa no mundo.

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