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BDMG elevou Minas a um novo patamar

Banco chegou aos 60 anos como peça fundamental no planejamento e fomento ao setor produtivo do Estado

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Por: Sandra Carvalho Em 17 de novembro de 2022

Os bancos públicos de desenvolvimento se diferem dos bancos comuns por serem voltados à formulação de políticas públicas que visam mudar realidades, melhorando indicadores socioeconômicos. Com esse objetivo, foi criado há 60 anos o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Através do financiamento orientado ao setor produtivo, o banco realizou inúmeras transformações em muitas regiões do Estado ao longo desse período, em importantes setores como energia, infraestrutura, mineração, siderurgia, agropecuária, cultura, entre outras.

A trajetória do BDMG, iniciada em 21 de setembro de 1962, é tema desta 10ª reportagem da série “Quem fez História”, um presente do DIÁRIO DO COMÉRCIO a leitores e espectadores em comemoração aos 90 anos do jornal.

Confira a entrevista em vídeo com o diretor-presidente do BDMG, Marcelo Ângelo de Paula Bomfim

A criação de um banco de desenvolvimento começa a ser pensada em um cenário desafiador. Apesar de Minas Gerais já ter criado a Cidade Industrial nos anos de 1940 e ter algumas indústrias importantes como, por exemplo, a Belgo e a Acesita, o Estado, que tinha economia essencialmente agrária e respondia por algo em torno de 7% no PIB nacional – vinha perdendo espaço para novas fronteiras agrícolas e industriais.

“Minas tinha indicadores econômicos muito tímidos. Havia problemas de infraestrutura de transporte e energia elétrica. Precisava enfrentar seus problemas. A ideia de criar um banco de desenvolvimento partiu inicialmente do então governador Juscelino Kubitschek (PSD), em 1951. Ele queria criar uma espécie de banco dos municípios, voltado ao financiamento dos serviços públicos”, contou o diretor-presidente.

JK havia sido eleito governador defendendo o programa “Energia e Transportes”, iniciado pelo governador Milton Campos (UDN), à época seu opositor. “O lobby dos bancos privados mineiros era muito forte e o projeto do banco não passou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais”.

Em 1957, o então governador Bias Fortes enviou novamente a proposta à Assembleia. Dessa vez, as discussões sobre a formatação do banco foram lideradas pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O texto previa a escolha dos projetos a partir de critérios técnicos, priorizando-os conforme a relevância para a economia do Estado, sem distinção de setores.

“Novamente não passou. Havia um receio dos bancos privados de sofrerem concorrência desleal do banco público, com taxas mais atrativas. Mas, na verdade, aquele pensamento era um equívoco, pois a demanda por crédito era tão grande que tanto o banco público quanto os privados não dariam conta de atender”.

Inauguração da sede do banco de desenvolvimento, na rua da Bahia, ocorreu em 1967 | Imagem: NITRO Historias Visuais

Manobra de Magalhães Pinto

No início do governo de João Magalhães Pinto (UDN), foi proposta pela bancada da lavoura e aprovada pela ALMG a criação do Banco de Desenvolvimento Agropecuário, o Badap. “A proposição aprovada que chegou para o governador Magalhães Pinto era um banco exclusivo do setor agrário. O governador teve dúvidas e montou uma equipe para analisar o texto”, informou Bomfim.

Faziam parte da equipe Bilac Pinto, Paulo Campos Guimarães, Paulo Camillo de Oliveira Penna e Obregon de Carvalho. A equipe apontou que aquela era uma proposta conservadora e que havia um erro de técnica legislativa, que previa a regulamentação pelo governador após 90 dias – o que não era aplicável no caso de uma sociedade anônima. Devido a esse erro, conforme dados históricos do BDMG, houve uma arquitetura institucional para mudar o texto.

Os estatutos poderiam ser feitos por meio de vetos e regulamentação. A partir daí o governador alterou toda a proposta. De cara,  vetou o nome: retirou o “agropecuário”, ficando só “Banco de Desenvolvimento”. Tudo o que dizia respeito à exclusividade agrária caiu. Assim, o banco poderia atender a todos os setores.

Ao todo, Magalhães Pinto vetou 44 termos e articulou a não derrubada do veto na Assembleia. Nesse contexto, a Lei 2.607/62 criou o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, regulamentado como autarquia, que se instalou no edifício do Banco Mineiro da Produção, na praça Sete, em BH. A primeira diretoria foi empossada em 21 de setembro de 1962, tendo como presidente Obregon de Carvalho.

Quando o planejamento vira realidade

As operações do BDMG foram iniciadas em 1963, quando Paulo Camillo de Oliveira Penna assumiu a presidência. O banco começou com um capital de Cz$ 500 mil. O primeiro financiamento foi para a Indústria de Artefatos Hércules Ltda, contratado em 15 de junho de 1963. Os objetivos do banco eram voltados a reduzir as desigualdades sociais. Era preciso financiar pequenas e médias empresas, modernizar e atrair indústrias, potencializar o uso da infraestrutura existente e da capacidade instalada, dar assistência aos projetos e planejar novos polos. Porém, os recursos oriundos da arrecadação estadual eram inconsistentes e insuficientes.

Para capitalizar o BDMG, foram criadas receitas via Legislativo, e Paulo Camillo também buscou recursos federais – em convênios com Banco do Brasil e BNDES – e internacionais, de fundos americanos.

Um dos primeiros grandes setores impulsionados foi o de frigoríficos. “Minas vendia boi vivo. Não havia frigoríficos. Era preciso agregar valor à produção. Uma das primeiras empresas a serem contempladas foi a Frimisa, em Teófilo Otoni (Vale do Mucuri). Em seguida vieram projetos na área de energia e industrialização”, relatou o diretor-presidente do BDMG, Marcelo Bomfim. Em dezembro de 1964, já tinham sido beneficiados 89 projetos em diversos setores, que geraram 3 mil empregos.

A gestão do governador Israel Pinheiro (PSD), entre 1966 e 1971, foi vital para a diversificação de funding do BDMG. “O Estado vendeu ações em diversas empresas, como a Petrobras, para capitalizar o banco e buscou outras fontes de recursos. Isso permitiu a execução de importantes projetos e a edificação da sede, na rua da Bahia”.

“Israel Pinheiro, que já havia sido secretário de Agricultura, tinha um olhar voltado ao desenvolvimento do interior, e executou projetos no Cerrado mineiro. Com Hindemburgo Chateaubriand, realizou as ‘Jornadas do Desenvolvimento’ para financiar projetos estratégicos nas regiões mais carentes”, completou Bomfim.

Conforme o diretor-presidente, também foi durante o governo de Israel Pinheiro que o BDMG atingiu um elevado nível de planejamento econômico, reunindo os principais economistas e planejadores públicos do País, época em que o banco era presidido por Hindemburgo Chateaubriand. Um dos destaques foi a elaboração do “Diagnóstico da Economia Mineira”, publicado em 1967, importante referência para as décadas seguintes. “Esse foi o momento da grande virada de Minas Gerais frente a outros estados”, avaliou Bomfim.

Nos anos seguintes, Minas começou a colher os frutos do planejamento, crescendo acima da média nacional. O PIB mineiro avançava em torno de 16% no período do “Milagre Econômico”. “Minas cresceu numa atuação voltada para energia e transporte, com destaque para as usinas de Volta Grande e São Simão e a térmica de Igarapé”.

Mas os principais frutos do planejamento foram colhidos na gestão do governador Rondon Pacheco (Arena). Houve expansão de grandes empresas e também a instalação de novas, como a Fiat, em Betim. O Projeto Jaíba, no Norte de Minas, recebeu grandes investimentos. “Hoje, consolidado, o Jaíba gera 40 mil empregos e produz 218 mil toneladas de frutas por ano. É um dos mais importantes que o BDMG já apoiou”.

Anos de 1980

Nos anos de 1980, conhecidos como “década perdida”, houve encolhimento da economia mundial e nacional em razão da segunda crise do petróleo, entre outros fatores. Foi um período desafiador para o BDMG.  “Quando o Brasil decreta moratória em um cenário de hiperinflação e taxas de juros mais elevadas, Minas passa por momentos difíceis. Mesmo com a dificuldade, a siderurgia caminhava. Tivemos na época a canalização do rio Arrudas e a construção do túnel da Cristiano Machado, obras importantes para a mobilidade que tiveram apoio do BDMG”.

O banco fez ajustes financeiros. Apesar disso, em 1989, o BDMG publicou um novo diagnóstico da economia mineira, que apontou que o foco deveria ser a expansão e aumento da produtividade nas áreas de mineração, siderurgia e agronegócio. “Mudanças no cenário global, a partir da queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, apontaram para uma demanda maior nessas áreas”.

Outro importante direcionamento foi na área da cultura, com a criação do BDMG Cultural. “Minas tem um grande acervo histórico e muitas riquezas naturais e culturais. Um dos importantes projetos da época foi a restauração do Santuário do Caraça”.

Parcerias, governança e sustentabilidade

Na primeira década deste milênio, houve uma guinada na sustentabilidade financeira e na governança do banco. “Buscaram-se outras fontes de captação de recursos junto ao BNDES, à Agência Francesa de Desenvolvimento, ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), ao Banco Europeu, bem como via letras financeiras, CDB e LCA. Era preciso ao mesmo tempo captar recursos mais baratos para empresas e municípios mineiros e trabalhar com um planejamento ainda mais sustentável para sua governança. Foi nessa época que veio o reconhecimento mundial da eficiência do BDMG”, destacou o diretor-presidente do BDMG, Marcelo Bomfim.

Os projetos direcionados a minorias também são dessa época, com o surgimento das primeiras linhas voltadas para mulheres empreendedoras.

Na segunda década do milênio, um dos destaques na história do BDMG foi o advento das parcerias público-privadas (PPPs). “O banco se tornou referência na modelagem de projetos de PPPs. Entre os destaques mais recentes, está a modelagem do projeto da duplicação da rodovia de Mariana a Rio Casca. Temos expertise nessa área e queremos continuar atuando junto aos municípios para modelar projetos de PPPS em vários segmentos como escolas, creches, entre outras áreas”.

A gestão de riscos ambientais também passou a ser contemplada nos projetos financiados pelo BDMG neste milênio. “Isso é uma questão que não tem volta e um norteador. Está no planejamento estratégico de todas as áreas. Somos signatários da Agenda 2030 da ONU e todos os projetos levam em consideração os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs)”.

Um capítulo recente na história do BDMG e que redirecionou temporariamente as estratégias do banco foi a Covid-19. “O BDMG focou as empresas do setor de saúde, de fabricação de produtos essenciais para salvar vidas, como máscaras, álcool em gel, entre outros. Em outros segmentos houve pausa de contratos por seis meses, condições diferenciadas de crédito para capital de giro e investimento. Houve uma participação importante no Pronampe, para evitar que empresas fechassem”, informou.

Futuro

Para o futuro, o BDMG  planeja crescer sua carteira de crédito de forma sustentável, continuar tendo atuação regional e diretamente nos municípios, principalmente nas cidades minerárias. “A diversificação econômica dessas cidades é uma das prioridades”, informou Bomfim.

A atual gestão prevê uma elevação de R$ 1 bilhão em carteira por ano. “Estão no radar os projetos de sustentabilidade como os de usinas fotovoltaicas. Temos uma calculadora de emissão e gás carbônico aplicável a todas as empresas. Na agricultura estamos focando a área de fertilizantes e o objetivo é que Minas continue sendo exemplo de sustentabilidade, energia limpa e produtividade”.

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