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Ciclo de debates iniciado em julho terá a sua última edição deste ano lançada neste sábado (5) no canal do Youtube do DC
Por: Thaíne Belissa Em 4 de novembro de 2022
Construir um futuro melhor “sem deixar ninguém para trás” se transformou no lema do movimento em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. Mas a ideia de um progresso que seja para todos e que, portanto, não exclua ninguém, só é possível por meio de um modelo econômico em que a geração e a distribuição de riquezas andam lado a lado. Para discutir esse tema, o DIÁRIO DO COMÉRCIO reuniu lideranças no 5º Diálogos DC 90 anos, que será lançado amanhã, no canal do Youtube do jornal.
O evento faz parte de um ciclo de debates, que iniciou em julho e vai até novembro. O Diálogos DC faz parte do Movimento Minas 2032, que é fruto da articulação das diferentes esferas da sociedade para construção de uma sociedade pautada pelos ODS. A iniciativa busca o poder transformador da troca de ideias por meio de debates realizados entre especialistas, representantes do poder público, da sociedade civil e de empresas dos diversos setores econômicos. Em 2022, a ação ganhou o nome especial Diálogos DC 90 anos, em comemoração às nove décadas do jornal.
O debate sobre “Geração de Distribuição de Riquezas” é o último do ciclo e trará para a mesa de discussão três convidados. A primeira a falar será a diretora de Relações Corporativas da Fundação Dom Cabral, Marina Spínola. Ela, que é jornalista e especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais, também compõe os conselhos da Rede Brasil do Pacto Global e do Capítulo Minas Gerais do Instituto Capitalismo Consciente. Sua missão será comentar como essa geração e distribuição de riqueza se dá num contexto de transformação da sociedade e ajustes no capitalismo.
Também participará o assessor Institucional da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Geraldo Magela. Mestre em Administração, professor universitário nas áreas de Gestão Estratégica de Negócios e de Cooperativas, ele trará uma contribuição sobre o papel das empresas na construção dessa economia mais inclusiva e como o cooperativismo ajuda nesse cenário.
Para apresentar o case da fintech mineira Social Bank, foi convidado Alonso Neto. Ele é diretor de Marketing e Propósito na startup, que propõe uma forma mais justa, simples e humana de lidar com o dinheiro. Alonso atua conectando pessoas, organizações e iniciativas sociais em um ecossistema financeiro colaborativo e vai trazer um pouco dessa experiência para a mesa de debate.
A discussão será mediada pela jornalista Paola Carvalho, que ainda convidará o diretor do Instituto Orior e representante do Movimento Minas 2032, Raimundo Soares, para propor uma reflexão a partir das apresentações.
A presidente e diretora editorial do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Adriana Muls, lembra que falar sobre geração de riquezas é a especialidade do jornal, que há 90 anos cobre o setor produtivo em Minas Gerais. “Nessas nove décadas participamos de momentos históricos do Brasil, trazendo pautas relevantes que ajudaram no desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, temos feito esse esforço de um jornalismo propositivo, que ajude a sociedade a pensar no uso sustentável de toda essa riqueza gerada e como ela pode ser melhor aproveitada, de maneira que não deixemos ninguém para trás”, afirma.
Durante os últimos cinco meses, o Diálogos DC 90 anos trouxe para a mesa de debate diferentes representantes da sociedade, que discutiram temas relevantes e inspirados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Com diversidade de perspectivas, eles compartilharam suas bagagens e apresentaram cases de projetos que, de alguma forma, já contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O primeiro debate abordou “A Qualidade da Educação e da Cultura” e trouxe à mesa nomes como a pesquisadora sênior da FGV-Rio, especialista em gestão de sistemas educacionais e assessora da Fundação Itaú Social, Pilar Lacerda, e o diretor-geral do Centro Cultural Galpão Cine Horto, Chico Pelúcio. Eles debateram a urgência de uma escola que seja, de fato, para todos e a necessidade de políticas públicas que sejam duradouras, tanto para área da educação quanto para a da cultura.
Também participou a CEO e cofundadora do Embaixadores da Educação, Guilhermina Abreu, que apresentou o “Crie o Impossível”, iniciativa voltada para jovens do Ensino Médio de escolas públicas. Trata-se de um grande evento que é sediado a cada ano em um estádio de futebol diferente, além de ser transmitido em escolas públicas de todo o Brasil. Ele traz para o palco 11 palestrantes que têm origens semelhantes às dos estudantes e os inspira a serem protagonistas das mudanças que eles desejam para a sua comunidade.
Guilhermina emocionou os participantes do debate contando como mais de 200 mil alunos foram impactados na última edição, realizada em junho deste ano. O case do projeto reforçou o que já havia sido discutido pelos demais convidados sobre a importância de uma educação que chega a todos, principalmente à parcela menos favorecida da população.
O segundo debate foi sobre “Qualidade da Inovação e da Produção Tecnológica” e reuniu importantes lideranças da inovação em Minas Gerais, como o gerente-geral de Inovação, Novos Negócios e do Açolab Ventures na ArcelorMittal, Rodrigo Carazolli; a gerente de Negócios e Parcerias da Fundep, Janayna Bhering; e o presidente do Sindinfor e presidente do Conselho de Tecnologia e Inovação da Fiemg, Fábio Veras.
Entre os pontos discutidos, um de maior destaque foi a importância do ser humano e de suas conexões com outros humanos para a inovação transformadora e de qualidade. Os convidados ainda lembraram a urgência da formação de mão de obra qualificada para suportar a revolução digital e chamaram a atenção sobre problemas estruturais que afetam a inovação na ponta, como a qualidade da educação no ensino básico e médio.
Na apresentação do case participou o cofundador do HackTown, João Rubens. Ele mostrou como a conexão humana é importante para a inovação, a partir do exemplo do festival de criatividade, que acontece anualmente em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, e reúne mais de 800 palestras, showcases e workshops. Segundo João Rubens, a missão do
HackTown é conectar pessoas diferentes, provocando perguntas e reflexões que tiram os participantes de sua zona de conforto.
A terceira edição do Diálogos DC 90 anos também discutiu a “Qualidade de Vida e Ambiental”. Nessa mesa virtual participaram a presidente da Associação Mineira de Indústria Florestal (Amif), Adriana Maugeri, que falou sobre meio ambiente e produção sustentável; a médica infectologista e consultora de analytics no departamento de big data do Hospital Albert Einstein, Luana Araújo, que contribuiu com sua bagagem na área de saúde pública; e o urbanista e professor da UFMG, Roberto Andrés, que trouxe a perspectiva da vida na cidade e cases de projetos de mutirões comunitários em Belo Horizonte.
A ideia de que “não existe lá fora” foi repetida algumas vezes durante o debate, chamando a atenção para a realidade de um planeta adoecido, “bem debaixo do nosso nariz” e que isso é problema de todos. O conceito de saúde única, em que vida humana e vida ambiental são indissociáveis, e a ideia de que as ações individuais refletem no bem-estar coletivo, também marcaram as participações dos convidados. Foi lembrada, ainda, a necessidade de uma “multiplicação de lideranças”, a partir da ideia que líder não precisa ser apenas quem está em destaque, mas quem assume responsabilidade guiada por valores coletivos.
Na apresentação do case, o Roberto Andrés falou sobre um projeto que desenvolve junto aos seus alunos do curso de arquitetura da UFMG: mutirões coletivos para transformar comunidades em Belo Horizonte, principalmente no que diz respeito ao acesso aos recursos naturais. Entre as ações realizadas estão a construção de praças, espaços com brinquedos para crianças e um clubinho a céu aberto com piscina e chafariz.
O quarto e penúltimo debate discutiu a “Qualidade da democracia e da cidadania” e contou com a participação da head de Diversidade, Equidade e Inclusão da ThoughtWorks (consultoria global de tecnologia), Grazi Mendes; do procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior; e de representantes da ONG Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), sediada em Belo Horizonte, que promove ações diversas com o objetivo de fortalecer sujeitos e organizações no enfrentamento aos desafios de construção da cidadania.
Os convidados destacaram o clima de tensionamento vivido pela sociedade brasileira, por conta da disputa de ideias políticas, mas lembraram a importância desse confronto para a construção de uma sociedade mais inclusiva. Eles lembraram que direitos são conquistados com luta e que o tensionamento é natural e até uma “boa notícia”, pois representa o questionamento das formas de poder estabelecido.
Na apresentação do case da AIC participaram Rafaela Lima, a fundadora da ONG, e Luísa Camargos, a primeira profissional de Relações Públicas com síndrome de Down no Brasil, que também é influencer digital e podcaster. Elas falaram sobre o projeto “Inclusive Luísa”, que se utiliza de diferentes mídias para dar visibilidade às histórias, conquistas e desafios de pessoas com deficiência. Segundo Luísa, o objetivo é sensibilizar e mobilizar as pessoas para a causa da inclusão e combater o capacitismo.
A presidente e diretora editorial do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Adriana Muls, destaca que, após tantas discussões ricas e que apontam caminhos de futuros melhores, o sentimento é de gratidão e esperança “Encerramos esse ciclo de debates com esperança que essas sementes lançadas sejam realmente transformadoras. Os debates não se encerram aqui, esse é só um começo, uma oportunidade de despertar para que as ações individuais e coletivas aconteçam e nos ajudem a construir um mundo mais justo e igualitário”, diz.
O Diálogos DC 90 anos fez parte das comemorações do 90º aniversário do DIÁRIO DO COMÉRCIO. Em novembro o jornal encerra as ações comemorativas como a edição 2022 do Prêmio José Costa e a solenidade de aniversário, que trará uma última mesa de debate, desta vez discutindo o poder transformador das lideranças.